domingo, março 27, 2005

H

Tenho andado com preguiça e sem inspiração para postar.
Desculpem, acarajetas.

domingo, março 13, 2005

Dívida

Por que as Farc não vêm cobrar os 5 milhões de dólares doados ao PT? Com certeza, a grana não era prá isso a que estamos assistindo...

Noites sem dormir

Nasceu Malu(z), filha de L.
O mundo ficou + iluminado...

Tango

O Capital tem seus méritos pela idiotização em que consegue impor a povos, a pessoas. Quero falar de futebol, único esporte que, apesar de todas as suas mazelas, ainda consigo ver pela TV, e sofrer (um pouquinho) pelo meu time, Vasco da Gama. A maior torcida do país (em participação, ô pá), os corintianos estão de calças arreadas perante a máfia russa. Isso mesmo. Será que argentinos engoliriam um Parreira, um Zé Galo, ou um Scollari, como técnico do River Plate, além de alguns craques daqui, como Robinho e/ou Romário (de saudosa memória) arrebentando por lá? Ora, os argentinos são o povo mais odiado do futebol brazuca. Já nos doparam em Copa, toda vez que jogamos, conseguimos até abalar as negociações do Mercosul!!
Mas o Capital consegue milagres. Faz-nos deitar em berço esplêndido, receber Teves e Passarela como reis, e ainda por cima, fazer a torcida do Curíntchia amargar sérias e longas derrotas, tudo numa boa, pois foram injetados milhares de dólares em contratações feitas por um iraniano, cuja nacionalidade nos faz lembrar da tradição que o Irã tem no futebol.
Mas é assim. No passado, a Igreja Católica e suas terríveis fogueiras para quem se negasse a segui-la. No presente, a ciranda dos narcodólares invertendo todo e qualquer valor moral e humanista. Salve o Curínthia, a máquina de lavar campeã das campeãs!

domingo, março 06, 2005

Halls


Vem aí o documentário sobre Garganta Profunda. A narração é de Dennis Hopper.

Sorry.

Publicamente, peço desculpas aos amigos do LP & Os Compactos pela falta ao show de ontem. Forças extra terrenas forçaram-me a + este deslize. Mandei good vibrations. Espero que essas tenham se convertido em um excelente som.
(Não tô parecendo Rolando Lero????)

Olho Gordo

A bem da verdade, eu também tenho inveja.
Tenho inveja dos solos e da voz de Chet Baker.
Tenho inveja da cultura pop de Renatão.
Tenho inveja da erudição de Jessé.
Tenho inveja da sinceridade de JR.
Tenho inveja do jeitão "túlio bem" de Gladyson.
Tenho inveja da revolta de Neto Moore.
Tenho inveja do senso de humor de Emerson.
Tenho inveja da cara de canastrão de Mario Billy.
Tenho inveja da militância política de Uedson.
Tenho inveja dos quadros de Gabriel.
Tenho inveja de Fausto Woolf, o último marxista, comedor de água.
Tenho inveja de Jorge, o penúltimo marxista, comedor de água.
Tenho inveja de Mario Quintana & Pessoa, por saberem tão bem poesia.
Tenho inveja da organização de dados de Sergio Augusto.
Tenho inveja de Serginho, que só mama e ainda tem direito a choro.
Tenho inveja de Garrinha. Comeu água, comeu mulher e comeu a bola.
Tenho inveja de Deus. Fez tudo, mas não tá nem aí...
Tenho inveja de Marlon Brando em "O Poderoso Chefão".
Tenho inveja do cinismo de Jáquinicolson.
Tenho inveja da cara de pau de Reginaldo Rossi.
Tenho inveja de quem dorme toda noite.
Tenho inveja de Lou Reed.
Tenho inveja de Mozart.
Tenho inveja da inteligência de Jeci.
Tenho inveja de ser sempre previdente, como Jonas.
Tenho inveja de quem está no Himalaia, e descobre que Feira é massa.
Tenho inveja de quem não tem inveja.

Diet

A inveja de determinadas pessoas ficam tão à mostra que, inevitavelmente, elas tendem a se mostrar sempre. Seguinte: toda vez que encontro um cidadão o cara vem logo com algumas pedras na mão, com aquele papo de comentar tudo sobre sua vida. Se vc está com alguem, esse alguém não presta; até da minha camisa que fala mal do Mcdonaldo o cara já falou. Aquele troço sistemático, sabem? Acho q todo mundo já passou e/ou passa por esta merda. Acontece uma, duas, três, mas talvez a quarta você não suporte.
AVISO AOS NAVEGANTES: Não tô aqui, com sol de 40 graus na cuca prá ser alter-ego de ninguém!!!.
Procurem o Reginaldo Rossi.

Pensaminto

Sou um pouco irônico. As pessoas + próximas sabem disso. Mas estou percebendo q algumas delas - principalmente as q não são tão próximas assim -, estão tendo dificuldades, levando tudo muito ao pé da letra. Me fez pensar (dando-me um tremendo esforço, pois, não é o meu forte) que o peso de algumas palavras variam de pessoas para pessoas, e não estou aqui falando de nível intelectual, e sim de INDIVÍDUOS. Às vezes estamos em determinado meio em que a leveza, a fluidez de comentários faz com que demos gargalhadas, soltemos chistes, e até (as horríveis) piadas. Em outros, as mesmas colocações possuem um peso que beira ao desafio. É como se estivéssemos sempre guerreando uns com os outros. Os tempos são de extrema desconfiança. Estar em presença de outros é estar com olhos extremamente abertos. Há competições, disputas de espaço, etc. e etc. Mas, onde está o velho e bom sense de humour que acompanha o homem há séculos? Além de uma bela feijoada, devemos ter motivos para nos divertirmos na presença de amigos e/ou conhecidos. Caso contrário, faremos como tudo pareça a TV, que só nos diz aquilo que queremos ouvir. Não confundam, meus caros acarajetas, com aquelas pessoas incovenientes e mal educadas que falam, por exemplo, que você está de mal hálito em nome da "estética da sinceridade". Não, não é isso...
Falta amor e humor.(Rima cara aos modernos, não?)

Efeito

Vi também Colateral, com Tom Cruise e J. Foxx. Não gostei. Enredo previsível e uma leve tentativa de tornar o roteiro um thriller psicológico.
Ponto para a trilha sonora, com clássico, jazz e pop de bom nível.

Filme que só eu vi

Recomendo para quem não é politicamente correto, careta. Igby Goes Down - A Estranha Família de Igby tem um elenco à altura do roteiro, da direção e da trilha. Bom.

Cabeças

Alguns assuntos que fizeram parte desses dias, quentes dias.
1. Têm-se quase certeza de q seres humanos já devem estar sendo clonados, e ao cabo de alguns anos, isso será uma realidade latente.
Pergunta-se: é o fim do Cristianismo?
2. Segundo pesquisas, os estadunidenses são o povo + detestado do planeta. Conseguiram esta brilhante façanha a custo de muito sangue, mas também com aptidão para lidar com o capital, atrelando-o a um pragmatismo mordaz.
Pergunta-se: o legado cultural (o jazz, o cinema, a cultura pop (aqui abrangendo das artes plásticas à publicidade), a literatura, etc.) redime seu povo?

terça-feira, março 01, 2005

O cara

>>> Matéria enviada por Gladyson. Tenx. <<<

A LOVE SUPREME
John Coltrane é referência a todo músico interessado em desenvolver as técnicas de improvisação que influenciaram toda uma geração de artistas — inclusive de rock’n’roll

por Marcelo Xavier (marcelo@rabisco.com.br)

m 1962, em Paris, fugindo de uma incontrolável legião de admiradores, um saxofonista negro escapou de um pub onde havia tocado e surpreendido a todos com a sua música. Enquanto todos o procuravam para bisar mais um de seus números, ele havia se enfiado numa quitanda, há algumas quadras dali. Comprou duas maçãs. Levou o embrulho no bolso para comer sozinho em seu quarto escuro no hotel. O tímido saxofonista era o norte-americano John Coltrane (1926-1967). Retraído, seus hábitos circunspectos impressionavam os repórteres, que pareciam não acreditar que aquele homem simples e solitário que dava respostas lacônicas foi capaz de mudar a história do jazz em apenas cinco anos. Dentro de cena, porém, ele se transformava: era um profeta musical, munido de um sax tenor e uma paleta cheia de cores imaginárias, que iam da fúria doutrinária do be-bop à fina delicadeza quase displicente do cool. Sob os holofotes, o nosso herói frugal se transformava num gigante inexpugnável.


Coltrane nasceu numa pequena cidade da Carolina do Norte, chamada Hamlet. Foi morar na Filadélfia quando era adolescente. Ali ele travou conhecimento com o sax e estudou em dois conservatórios diferentes. Conheceu o rhythm’n blues. Viu Laster Young e Johhny Hodges (o lendário saxofonista de Duke Ellington) tocar. Pouco depois, o vemos como membro da banda do “revolucionário” do bop, Dizzie Gilespie, o maior divulgador do estilo. Só ficaria famoso quando foi guindado à banda de Miles Davis, já nos anos 50, como o sideman do “pai do cool” em momentos inesquecíveis, como a versão daquele quinteto de Miles tocando versões clássicas de clássicos como “Autumn Leaves” e “Stella by Starlight”. Já careta, Davis expulsou o jovem John do quinteto, que havia se viciado em heroína. Ocorre que, naquele momento, a papoula era a musa inspiradora de quase todos os músicos de jazz, de Charlie Parker a Stan Getz. Mesmo desempregado, teve talento suficiente para chamar a atenção de Thelonius Monk, que o convidou para integrar seu conjunto.

ASCENSÃO

Foi quando ele teve a sua revelação espiritual. Abandonou as drogas — até o cigarro — e passou a estudar muito cultura e religiões orientais. Também ouviu muita música africana e indiana, numa incansável busca de um ponto de equilíbrio existencial. Aliás, essa procura consumiria o resto de sua vida e carreira. Nesse sentido, Coltrane passou a canalizar todo o tipo de busca e experiência particular na sua música. Mais idéias, mais energia, mais notas. Até então, ele era apenas um bom solista, influenciado por Dexter Gordon. Alguns o questionavam: achavam Sonny Rollins mais “independente”, com mais personalidade, mas definido como saxofonista do que Trane, que, para seus indecisos detratores, tinha um certo “bloqueio” nas suas improvisações e indecisão quanto ao caminho a seguir. E ele sabia muito bem as suas limitações. Foi quando Charlie Parker morreu — e toda uma época desapareceu com ele. Agora, com Monk, ele teve que repensar todo o seu talento e se adequar ao estilo do autor de “Round Midnight”.


O que realmente o diferenciava era a sua curiosidade intelectual e capacidade de transpor códigos diversos em seu código musical. No fim de 1957, cheio de idéias, acabou retornando à Miles, desta vez regendo um sexteto. Trane era outro. Parecia mais definido e decidido: as frases saíam do sax tenor exuberantes, subversivas, em torrentes de notas vertiginosas, ásperas, provocativas. Em setembro, ele também já dirigia sessões fonográficas com seu nome.

Nesse mês, veio à lume o primoroso Blue Train (com Lee Morgan duelando com o solo no trompete, Paul Chambers no contrabaixo, Kenny Drew no piano e Phily Joe Jones na bateria). Aqui, Trane demonstrou que arquitetava novos espaços em sua música, fazendo uso de temas condutores que ficavam quase irreconhecíveis sob um congestionamento de frases torturadas, e que cuja melodia se disseminava por toda a banda, intercalando com momentos de total introspecção. Sua música era alicerçada no dinamismo do be-bop, mas com um fôlego mais amplo e profundo. Com Miles, ele se afirmou num verdadeiro craque, capaz de converter platéias com seus solos e ombrear sus arte com Rollins ou Getz, seus pares de sax tenor. Mais: John chegou a influenciar membros da banda, como “Cannonball” Adderley.


PASSO À FRENTE

Mais livre com relação ao seu estilo, ele iria retomar a tradição do jazz em Giant Steps, de 1960. Dentro do código do seu instrumento, nada lhe parecia estranho. Era possível ouvi-lo dialogar com todos os paradigmas do sax, mesmo que, naquela altura, era evidente que ele já havia superado a todos os que o precederam — sem contar os seus próprios músicos. Ainda assim, Giant Steps não significava uma ruptura. Hoje, sua fórmula até soa como se fosse superada mas, em 1960, parecia algo latente, ardente, inquietante. De mero aprendiz, Coltrane era um mestre que levitava e movia montanhas, tocando em todos os registros. Extenuado de executar sempre os mesmos acordes simples, John optava cada vez mais pela anarquia sonora. Nesse momento, ele via que deveria dar um passo à frente, mesmo que o seu vanguardismo fosse taxado de carência de técnica. Agora, ele precisava apenas de um bom conjunto, que avalizasse o seu ambicioso projeto musical.

No ano seguinte, encontramos John Coltrane com sua própria banda: um quarteto, formado pelo “irmão” McCoy Tyner ao piano; Jimmy Garrison no contrabaixo e Elvin Jones — um mestre nos ritmos complexos — castigando os couros. Eles lhe dariam um impulso análogo à Mitch Mitchell e Noel Redding para Jimi Hendrix. O solista é colocado em uma posição ideal, com um baixo contínuo riquíssimo e estimulado pela potência do acompanhamento rítmico. A partir de então, ele passou a tocar também o sax-soprano (aquele que tem o corpo reto, e que marcou época especialmente com Sidney Bechet, o velho mestre de New Orleans). Apesar de não ser afeito a vibratos, como Bechet, foi com esse instrumento que ele gravou “My Favourite Things”, uma pequena valsa do “My Fair Lady” que se transformou no “cavalo de batalha” de John Coltrane, e que influenciou toda uma geração de músicos — inclusive de rock n’roll.

Falando em rock, um exemplo de como a música “coltraneana” ia além do pequeno e fumacento mundo dos artistas de jazz para chegar aos ouvidos insuspeitos de insuspeitos artistas de gêneros diversos, o guitarrista Robby Krieger, dos californianos The Doors, que mimetizou o formato do solo entre sax e piano na concepção do conhecido e extenso instrumental de “Light My Fire”. O tema chegou às paradas de sucesso, apesar da extensão da faixa, que contava com mais de doze minutos, muito maior e inextrincável do que “It’s Now or Never”, o número 1 de Elvis Presley naquele ano. Santana e John McLaughlin também eram devotos da religião de Coltrane. Este, por sua vez, chegou a fazer uma versão de “A Love Supreme”. O curioso é que muitos acabaram conhecendo o saxofonista através dessa sincera “homenagem”.

Quando admitiu ter chegado a um modelo elementar para a sua música, Coltrane colocou sua profunda fé religiosa para conciliar o contraditório de viver numa sociedade que segregava negros e os colocava no banco de trás dos ônibus, e que viu um negro e um branco tocarem jazz juntos apenas em fevereiro de 1948, numa apresentação memorável no Town Hall de Nova Iorque, com Jack Teagarden e Louis Armstrong. Trane nunca expressou o que sentia sobre isso, mas era explícito que ele via e sabia de tudo — ele confidenciava em suas canções. Sua trincheira contra os problemas do mundo era a sua teoria estética, onde ele podia lidar com todas essas coisas. Também foi o saxofonista quem certamente “inventou” a chamada world music muito antes de que alguém pensasse em rótulos. Foi a busca de uma linguagem universal que o fez amalgamar códigos sonoros de várias partes — Oriente, África, Espanha. Muito antes dos hippies, John ouvia Ravi Shankar, de onde elaborou a sua fase modal. Sua curiosidade intelectual lhe fazia ultrapassar ciclos que, em pouco tempo, transcenderiam as barreiras do jazz.

Em meio à efervescência do rock, “My Favourite Things” fez com que Coltrane se tornasse uma estrela, ganhando mais dinheiro que Miles Davis, tocando algo alienígena aos ouvidos dos jovens de sua época. Logo o jazz, que mais parecia uma música feita para músicos. Ele hipnotizava suas platéias com seu sax-soprano e sua sonoridade de encantador de serpentes e se transformou em mito — mais ele pouco ou nada se importava. O importante para ele era apenas a sua música. Porém, seus músicos, e boa parte de seu público, compartilhavam daquela sua crença — quase mística. Se antes Coltrane conseguia mover montanhas com sua música, agora ele seria capaz de andar sobre as águas com o estro de seus solos indecifráveis. É notável, ainda hoje, ver a química do lendário quarteto de Trane. Era algo além de uma execução musical comum.

COSMOPOLITISMO

Eles estão no palco ou no estúdio, tocando. Mas parecem estar muito longe dali. O piano de McCoy Tyner parecia fazer desenhos nas nuvens com as mãos, para que o sax desenhasse o céu azul a cada síncope do baixo de Garrison. Elvin Jones parecia premeditar cada movimento de Tyner, e eles criavam uma seção que formava o imenso tapete vermelho onde as linhas melódicas de John singravam heróicos, como os argonautas e suaves, como o sol pela vidraça, onde predominavam as chamadas sheets of sound (traduzindo como “folhas” ou “camadas de som”), que se compunham de longas frases de notas rápidas, e que seria uma espécie de marca registrada daquele estilo.

“Durante certo tempo, eu me preocupei com acordes”, disse Coltrane a Jean Clouzet para a revista francesa Cahiers du Jazz. “Agora, começou para mim o período modal. Se toca muita música modal na África, onde ela tem um destaque extraordinário”, explicou. “Mas, se estendermos o olhar para qualquer país, Escócia, China ou Índia, veremos que é sempre esse gênero de música que se expõe. Existe uma base comum. E é isso o que me inspira como meta”. Foi dessa pesquisa e dessa fase “cosmopolita” que nasceram álbuns como Ole Coltrane, Africa (com a colaboração de Eric Dolphy na flauta) e Africa Brass. Em 1964, ele começa uma nova fase em sua carreira: a partir daí, com sua larga experiência dentro dos esquetes possíveis no espectro de possibilidades técnico-expressivas e o horizonte cosmopolita de sua linha de pensamento musical fizeram com que ele elaborasse a sua profissão de fé, a sua liturgia sonora: A Love Supreme.

Obra-prima por excelência, momento único da música. Como se fosse um missal de notas e sons, o álbum é dividido em quatro partes — Aknowledgement, Resolution, Pursuance e Psalm. Uma execução sagrada e secular, algo como uma Missa Solemnis, segundo Coltrane. Mais que um jazzista, para os críticos, Coltrane era um pregador sem palavras, ou por outra: sua palavra se valia da linguagem jazzística no sentido de uma “panevangelização” de sentimentos elevados através da música. Tecnicamente, os temas já expõem a nova realidade modal. Como apregoaram os críticos, uma louvação a alguma divindade, onde o poder de Deus pode também ser ouvido como uma afirmação do poder criativo da humanidade. De qualquer maneira, a sua visão mística já estava instaurada, de tal arte que seria um componente constante na carreira de Coltrane até o fim de sua carreira. Como disco, A Love Supreme bateria todos os recordes de vendagem para um gênero tão “difícil” e o seu alcance de público foi algo inimaginável, transcendendo a esfera dos meros diletantes da sua música.

ACIMA DE TUDO

Mesmo oriundo do bop, ele já trazia em si a semente de uma partitura aberta, sendo um precursor do free jazz antes de seu papa, Ornette Coleman, e um membro do gênero com Ascencion, quando se une a músicos “free” como o baterista Rashied Ali, os saxtenoristas Archie Shepp e Pharaoh Sanders, numa orgia sonora de 38 minutos. Sanders foi o sucessor de Eric Dolphy, que morreu em 1964. Nesta fase, nos últimos trabalhos de Coltrane, Om, Kulu Sê Mama e Meditations. O primeiro álbum é uma incursão pelo universo indiano (“Om” é uma palavra que designa divindade); Kulu..., de raiz africana, traz ênfase na parte rítmica, onde John faz uso de mais um baterista (Frank Butler). Meditations, seu canto de cisne, é um missal composto de notas musicais. Aqui, a forma como ele evoluiu do jazz elementar para a liberdade absoluta de criação. Ascension é sua segunda obra-prima desse período, quando Trane viaja para além da harmonia tonal, e sua música se torna uma partitura aberta, às raias do impressionismo abstrato.

Os registros fonográficos posteriores de John Coltrane se resumiriam a aparições ao vivo, como o clássico Live at Village Vanguard Again. Com o tempo, a única mudança na banda foi a entrada de Alice McLeod — segunda esposa do compositor — no lugar de McCoy Tyner. Porém, as coisas mudariam a partir de então: durante uma excursão japonesa, em fins de 66, Trane começou a sentir dificuldades de andar. Mesmo doente, ele se recusou a ser internado. O problema continuou, entre alguns show esporádicos e sessões de gravação, até julho de 1967, quando ele realmente teve de ser conduzido a um hospital em Long Island. O diagnóstico: infecção hepática aguda. Morreu um dia depois, em 17 de julho. Amigos disseram que, na verdade, foi sua timidez quem o matou. Ele não teve coragem de pedir ajuda a qualquer médico e, quando foi compelido a tal, era tarde demais.

Para Coltrane, que havia colocado o gênero que nasceu nos tempos de Buddy Bolden e dos creoles de New Orleans num patamar espiritual, segundo alguns de seus amigos, restava apenas ultrapassar a última porta. Sua morte — em pleno auge — foi certamente a maior perda no mundo do jazz depois de Charlie Parker. A diferença entre ele e “Bird”, porém, estava na simplicidade e o caráter sóbrio, taciturno e introspectivo de sua atitude como homem e músico. Sobre este aspecto do compositor, escreveu o crítico André Francis: “em tudo a vida de John Coltrane é exemplar. Nenhum escândalo, nenhuma fraqueza, quase nenhuma anedota frívola: música, isso sim, acima de tudo”.

Ende ós cagou tchu II...

Pontos positivos & negativos, claro:
1. Quem não tem TV por assinatura está sendo extinto pelo esquemão. Tá na hora do Ibama cuidar disso. A transmissão estava com o SBT, que tinha o sabe-tudo Rubens Ewald. Mas trocar este por Zénilcolson??? E por que Renato Machado não deixava a Elisabete Hart, a tradutora simultânea, traduzir simultaneamente??? Sem falar q perdemos quatro indicações por causa de outro programa. A grobo tem dessas. Pega artista, mas não coloca em cena, compra direitos de jogos, mas não os transmite...
2. O Oscar tá igual a fim de Feira. Tem de tudo, mas nada presta. O mundo está assim: meia boca prá tudo q é lado! Só vai à festa quem pleiteia alguma premiação, o resto do mundo boicota mesmo, pois sabem do H que é aquilo.
A Academia prometeu diversificar (êta palavrinha ridícula, sô...) os prêmios, e, incrível, o fez. Apesar de toda a tralha ruim que se viu por lá, premiaram realmente os melhores. Mas entendam, acarajetas, os melhores dos piores. É como se tivéssemos de escolher entre Reginaldo Rossi e Daniel, vulgo cabeça de nós todos. O Oscar(alho), é claro, vai para Rossi, que por sinal ontem, estava completamente bêbado em Hebe.
3. Super Size Me não ganhou. Mas Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças levou roteiro original. Bom. Hilary Swank, o caldo de chuchu, q já ganhou sendo muleque-macho levou de Annete Benning. Gosto de Annete, mas tem um quê de caricato nela que enjoa. Interpreta bem, mas pesa no papel. Tinha uma latina concorrendo, mas latino até chegar lá tem q limpar muito chão, escovar paletó e dar um grau nas estatuetas com Veja Multiuso. Foxx, sem dúvida tinha q levar, embora o filme não seja muito bom ao q parece.
4. Capítulo à parte para Clint. Detesto seus filmes, abomino sua direção, critico suas atuações. Gosto de As Pontes de Madison, sensível com Merryl Stripe no elenco e Com Ahmad Jamal na trilha sonora. Bird é terrivelmente ruim, além de não gostar das atuações de Forrest Whitaker. Sobre Meninos e Lobos dispensa comentários. É sofrível, com Sean Pean vivendo uma caricatura de si mesmo.
Mas... hip hip urra!!! Merecia estar à frente de O Aviador que realmente, mas realmente é MUITO RUIM!!!
5. Diários de Motocicleta, a embromação do Unibanco, tinha realmente a melhor música da noite. Mas, aqui prá nós, será que as músicas do Vozes Da (Te) Enterra não são melhores?
6. Gisele tava lá.
7. Os discursos de agradecimento são terríveis. Zero para o de Hilária Sulanca. Dez para o do autor da canção de "Diários", e oito para Foxx. Emocionante o fato de ele dizer ter sido a avó, já morta, quem primeiro o ensinou a interpretar. Disse ainda que até hj conversa com ela, só que através de sonhos. Arrematou: "Quero ir embora, dormir logo, pois tenho muito que conversar com ela hoje".
8. A coadjuvante foi Cate Blanchet. Boa em Aviator. Tinha negona concorrendo, mas os passos a serem seguidos pelos latinos também cabem ao Harlem, Bronx, Rua Nova e adjacências.
9. Lógico que num mundo politicamente correto - meus caros acarajetas entendem, pois de uma inteligência muito acima da média -, que quando me refiro às dificuldades de negros e latinos e botas que temos de lustrar, falo de seus devidos preconceitos, e não de uma discriminação velada minha, é claro. Gostaria de dispensar tais comentários, mas vcs sabem, o policiamento ideológico é o mesmo de antanho, pelo menos até mudarmos esta josta.
10. Incrível... São 7h10m e eu já tô de mau humor...
11. Bom dia a todos!!!!