domingo, março 06, 2005

Cabeças

Alguns assuntos que fizeram parte desses dias, quentes dias.
1. Têm-se quase certeza de q seres humanos já devem estar sendo clonados, e ao cabo de alguns anos, isso será uma realidade latente.
Pergunta-se: é o fim do Cristianismo?
2. Segundo pesquisas, os estadunidenses são o povo + detestado do planeta. Conseguiram esta brilhante façanha a custo de muito sangue, mas também com aptidão para lidar com o capital, atrelando-o a um pragmatismo mordaz.
Pergunta-se: o legado cultural (o jazz, o cinema, a cultura pop (aqui abrangendo das artes plásticas à publicidade), a literatura, etc.) redime seu povo?

2 Comments:

Blogger Renato Arnun said...

versos de "Não, Tio Sam" do LP & Os Compactos:
"EU DEVIA TOCAR SAMBA
E POR CAUSA DELE EU NÃO SOU UM BAMBA
EU DEVIA USAR BRIM
MAS POR CULPA DELE EU ANDO DE JEANS
EU DEVIA COMER BEIJÚ
MAS TIO SAM ME VICIOU EM FAST-FOOD
EU DEVIA TOMAR SUCO NA ESCOLA
MAS TIO SAM SÓ ME EMPURRA COCA-COLA

NÃO TIO SAM
EU NÃO VOU PRA ESCOLA HOJE DE MANHÃ
NÃO TIO SAM
HOJE É DIA 11, 9 DA MANHÃ

EU DEVIA FALAR PORTUGUÊS
MAS ELE SÓ CONVERSA COMIGO EM INGLÊS
EU DEVIA NÃO BEIJAR SEUS PÉS
MAS TIO SAM SÓ ENTENDE QUANDO DIGO "OH YES"
TIO SAM ME EMPRESTA GRANA
SÓ PRA DEPOIS ME CHANTAGEAR
TIO SAM TEM UM BOTECO
SÓ PRA TENTAR ME EMBEBEDAR

OH YES OH NO
OH YES OH NO"

6:02 AM  
Anonymous Anônimo said...

Cabeça II

No seu Zaratustra, Nietzsche, no melhor estilo de inauguração de cemitério em Sucupira, conseguiu a façanha de realizar um enterro sem a participação do defunto ao dizer: “Deus está morto!”
Com os sucessivos avanços da ciência, desde há alguns séculos espera-se, muito mais como torcida do que pela constatação, o fim do Cristianismo.
Na sua obra prima, Ortodoxy, Chesterton diz que quando se encontra alguma incongruência no Cristianismo é porque a própria verdade enlouqueceu. Disse também, com aquele humor tão peculiar aos ingleses, que a vida não é ilógica, mas uma armadilha para os lógicos.
Dito isso, demonstra-se um fato óbvio: raros são os sistemas de pensamento que tão bem entendem o real quanto o Cristianismo. Para o Cristianismo se abalar com os avanços e ousadias da ciência seria necessário que tivesse algo de iluminista, na linha melindrosa de Voltaire, o qual foi capaz de pôr abaixo suas convicções por causa de um terremoto em Lisboa, terminando o resto de sua vida fazendo a filosofia do beicinho disfarçada pela ironia.
Os iluministas, superestimando o poder do homem sobre a natureza e querendo acreditar nisso, não suportam que o real lhes contrarie o sistema de pensamento e assim acabam, como qualquer adolescente, pondo a culpa no malvado destino. Logo, em questão de iluminismo, ainda prefiro a COELBA.

Quanto aos EUA, se o que produziram em termos de cultura os redime, é bem provável que sim. Pelo menos é o que devemos levar em consideração, principalmente se pensarmos em outros países: na França, o Iluminismo, por exemplo, assim como a sua famosa Revolução, também iluminista, deu origem aos movimentos totalitaristas, entre os quais o da Rússia e o Nazismo alemão e... a família Bush; Por outro lado, deu-nos Lamartine, Rimbaud, Baudelaire, Paul Claudel, Leon Bloy, as peças de Sartre, Albert Camus... Não devemos deixar de mencionar a prata da casa, o Brasil que, de tão emocional, não consegue dar respostas objetivas às questões urgentes e, como ocorre em toda cultura derrotista e cínica, os problemas são varridos para debaixo do tapete e isso é tomado como valor. Que isso não seja confundido com o desejo de se deixar os EUA em paz, até porque quem é capaz de dar ao mundo um legado cultural de alta valia tem o dever de melhorar no resto e servir de exemplo. É simplesmente o alerta contra a mania de se rejeitar o todo por causa das partes.
No final das contas, essa história de povo bonzinho é imaginação romântica de quem se recusa a olhar para si mesmo porque sabe muito bem o monstro que verá no espelho.

Jessé de Almeida Primo

4:49 PM  

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