paralelas 2
pelas janelas não vejo nada.
o sol e as estrelas não parecem verdadeiras
as videiras -- caso existissem -- não as veria
(ficariam aqui preenchendo o vazio de uma frase sem perspectiva)
nas janelas, embaixo, há loucos
livres -- mais livres -- com suas bocas sujas e seus sexos à mostra
sob as janelas, óbvio, há um quê de liberdade latina,
mentirosa, um pastiche, triste, risonha e desdentada
de cuja mistura eu entendo, qual monstros marinhos em dias santos
sobre as janelas, o quadrado... as grades talvez borboletas, talvez ferro.
não quero chamar tereza
-- não quero chamar ninguém.
queria não fabricar janelas, não ver dias nublados, chuvosos
-- dior do meu dentro.
queria até mesmo não ter sua visão, afinal ela não existe. mas não é quimera.
é invenção. bênção de prédica mal pedida, quem sabe luxúrias de vaga-lumes trocadas por postes de luzes azuis.
verdade! agora sei da mentira das janelas.
morte às terezas!