domingo, abril 24, 2005

Pop(e)

Ratzinger. Alemão. Linha dura. Sepultou a Teologia da Libertação. Como bem lembrou Luis Fernando Veríssimo, parece q seu nome já estava dado como certo para o papado. Não houve disputa, não teve quebra-pau. É extremamente utópico de minha parte achar que poderíamos estar dando guinadas para um mundo menos obscuro e mais humanista. Isso não existe. Quem manda é a força e cada um se arvora da que tem sem nem ao menos pensar numa quantidade enorme de seres que estão na adversidade, quer material, quer espiritual. Enquanto isso, aqui em Pindorama, os evangélicos a cada dia ganham mais espaço com suas "rosas do descarrego" e seus "martelos de fogo". Digo e repito: para a Igreja Católica, basta só um peteleco de Edir Macedo.
Tudo que é sólido se desmancha no ar, como dizia o velho Karl.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

"Liberdade é autodireção"
Anísio Teixeira


Há duas instituições no mundo que, para o bem da humanidade, não podem nem devem ser liberais: o exército e a Igreja. Entre outras coisas, seu funcionamento se sustenta nos princípios da disciplina e da obediência, e é assim que deve ser. Caso contrário, não passarão de engolidoras de modismos e reprodutoras de toda sorte de cacoetes, tornando-se assim instituições suicidas. Inclusive, as organizações socialistas ou comunistas levam esses princípios às últimas conseqüências e são, ao seu modo, igualmente conservadoras e, por isso, fortes.
Não deixa de ser engraçado os esquerdistas - autodeclarados inimigos da igreja e da religião, por considerá-las repressoras - formarem uma torcida organizada a favor de um determinado papa, no presente caso, um sul-americano ou um africano, a inaugurar dessa forma o sistema de cotas pontificial e a pentelhação espiritual. Mais respeito, por assim dizer, merecem aqueles cujo discurso pretenda operar a favor da destruição da Igreja, pois ao menos esta fica livre da contaminação.
A Igreja não tem obrigação alguma de ter um papa liberal-progressista e muito menos um papa de esquerda, o que seria uma contradição em termos. É também contradição em termos a existência da Teologia da Libertação - contra a qual o atual papa com toda razão se insurgiu - pois ela pretendeu sem necessidade alguma se fundamentar no discurso de um dos maiores inimigos da instituição que é o marxismo, segundo o qual a religião é o ópio do povo. Esse grupo, que teve como um de seus expoentes o dominicano Leonardo Boff, alimenta o equívoco de que qualquer preocupação de ordem social e humanitária é socialista e é de esquerda, fazendo com que esta vertente se sinta no direito de monopolizar a bondade.
Se a intenção da ala "esquerdista" da Igreja era fazer com que esta olhasse para os pobres - uma preocupação mais que legítima - que o fizesse a partir dos seus próprios dogmas, pois assim não incorreria no erro de transformar a Igreja em outra coisa, algo como uma filial metafísica da KGB. Nessa questão, essa arraia miúda, apedeuta em teologia, filosofia e na história da instituição a que diz pertencer, deveria se mirar no exemplo de Lutero, a partir do qual o protestantismo se fundamentou não como um movimento de destruição da Igreja, mas como sua restauração.
Foi justamente por fugir aos seus dogmas, aos seus princípios, que a Igreja se acanalhou fazendo comércio da fé, como no famoso caso das vendas de indulgências, contra as quais Lutero em boa hora se insurgiu; foi por fugir aos dogmas que a primeira fogueira foi acesa, passando a idéia de uma instituição tão medrosa quanto ameaçadora que não suporta as diferenças; foi por fugir aos dogmas que os clérigos até hoje determinam o que deve ser lido, o que deve ser visto, contrariando assim não só o princípio do livre arbítrio, o da dignidade da criatura - princípios estes tão caros ao apóstolo Paulo e tão bem expostos nos Romanos XII - como também acaba operando a favor de obras medíocres, sejam literárias sejam cinematográficas, servindo-lhes de propaganda, tal o famoso caso da narrativa policialesca de Dan Brown, Da Vince Code, uma obra tão inteligente quanto um jogador de xadrez ou um programador de computação.
Foi a partir da ignorância dos fenômenos acima relatados que a Teologia da Libertação se firmou, a qual demonstrou ser constituída por sujeitos muito mais vocacionados para as rasteiras intrigas políticas que para o sacerdócio, vocação esta comprovada no fato de Frei Beto ter se tornado acessor de Lula e assim resgatado, sem tirar nem pôr, a época em que o clero mal se distinguia entre os lacaios da realeza.

Jessé de Almeida Primo

1:51 PM  

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