sexta-feira, abril 14, 2006

Deuses & heróis 3

Mel Gibson, católico fervoroso, fez um filme em que o sangue de Cristo jorra tela à fora. Abominável essa idéia dele. Pagar ingresso pra ver desgraça alheia é algo inominável, ainda mais num requinte que beira o grotesco. Quer-nos convencer à base de Laranja Mecânica. Nunca ví esse filme, nem o verei.
A platéia mal educada do Cineplex Feira aplaudiu no final da exibição.
Vocês querem que eu comente mais o quê?

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Caro Marcone:

Você está incorrendo no mesmo erro de uma boa parte dos religiosos, incluindo o próprio clero: fazer comentários inflamados sobre o que não viu. Quantos não teceram comentários sobre Da Vince Code sem tê-lo lido e acabam hipertrofiando um perigo inexistente, posto ser o livro um romance policial barato?. Quanto a gritaria contra o Evangelho Segundo Jesus Cristo, de Saramago, um adolescente amuado de cabelos brancos, que confunde a humanidade de Cristo(já presente na Bíblia) com banalidade e ainda acha isso uma grande sacada? Ilustrar Deus como um burguês ou um Judeu rico, como aparece ao final da obra, mais do que uma heresia é uma imbecilidade constrangedora.Isso é coisa de comunista de anedota. E a injustiça cometida contra a Última Tentação, um filme realmente muito bom, que não foge aos Evangelhos, uma vez tudo ter sido um sonho e Cristo, de fato, ter cumprido a profecia? Inclusive, na famosa passagem do Getsemani, na qual lemos “Afasta de mim este cálice, mas que não seja como eu quero e, sim, como Tu queres” está subentendida a tentação aludida pelo filme. Quanto ao filme do Godart, não seria preciso o manifesto posto ser um típico filme que opera contra si mesmo. De tão chato os espectadores, mesmo os heréticos, iriam dormir nos primeiros minutos ou esqueceriam estar assistindo a um filme e conversariam sobre a novela das oito, como soi(também faço homenagem a Juju.)acontecer a qualquer filme de Godart.
O filme de Gibson, ao contrário do que eu mesmo pensava, é exemplar, assim como o é sua abertura e a chave de ouro do final, pois filme algum conseguiu ilustrar a ressurreição melhor que este, além do Satanás que nunca foi tão bem representado, enfim o cara estava inspirado. Quanto ao sangue, propriamente dito, Gibson nada mais faz que reproduzir a estatuária e a pintura barroca, principalmente a espanhola, aliás todo o filme é um belíssimo quadro.
Se você não quer assistir ao filme, fique à vontade, mas não seja como muitos religiosos que confundem religião com fanatismo e não como o que realmente é: capacidade de discernimento do espírito, pois preferem massacrar o que consideram o mau quando deveriam olhá-lo de frente anulando-o, como recomenda Paulo.
Assim, meu caro, aprenda a desafiar sua própria tentação, que também é de todos: não especule, comente.

Jessé de Almeida Primo

9:22 AM  
Blogger sergio marcone said...

Jesss, sabemos o que a estética da violência, sobretudo no cinema, representa a quem a ela está exposta. Nunca foi negado por ninguém que o elemento número um de Gibson foi sua relação extremada com a I. Católica, quero aqui dizer fanática, como a maioria da crítica apontou.
Sabemos também que o desejo de ver nosso pai comer nossa mãe remonta a nossos sentimentos mais íntimos. Um mix de repulsa e desejo de ser enrabado pelo velho. Sigmund é quem diz... Ver o velho Cristo se phoder pagando ingresso de R$ 14,00, não seria estar pegando também o açoite?

7:34 PM  

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